Na última quarta-feira, o zagueiro uruguaio Diego Lugano foi ao estádio do Morumbi para torcer pelo São Paulo contra o Fluminense. Achou que o desempenho do Tricolor foi muito bom e que a vitória por um a zero foi melhor do que parece. "Nesta fase da Libertadores, de mata-mata, é goleada", disse.
No dia seguinte, no início da tarde, o atleta do Fenerbahce da Turquia e capitão da seleção do Uruguai chegou ao Centro de Treinamento do São Paulo carregando um saco plástico com roupa suja. "O pessoal daqui vai lavar", disse.
Ele está em casa. Convidado pelos anfitriões. Há cerca de duas semanas, Diego sofreu uma lesão no joelho esquerdo e ficou fora das últimas partidas do Campeonato Turco. Assim que souberam da contusão, os dirigentes tricolores mandaram o recado. "O Luis Rosan me ligou colocando o Reffis à disposição", disse.
Ele está em tratamento intensivo, com sessões duas vezes ao dia. Lugano tem pressa. Quer se apresentar ao técnico Oscar Tabárez assim que o selecionado uruguaio retorne da Europa onde vai enfrentar a Turquia (25/05) e Noruega (28/05). "Se der tudo certo, eu encontro o time a caminho de Montevidéu", disse.
O Uruguai, sexto colocado nas eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo de 2010, fará duas partidas em casa, contra Venezuela e Peru. Precisa vencer os dois confrontos se quiser voltar à "zona mundial", ou seja, entre os quatro primeiros.
Segundo Lugano, a equipe celeste está encontrando um novo jeito de jogar. A idéia é aliar a tradicional garra com o talento de uma geração de jovens promessas. Aos 28 anos, Diego é o líder do time.
Diego Lugano conversou com Terra Magazine antes de mais uma tarde de fisioterapia. Vestindo camiseta Dolce&Gabbana, calça Armani e tênis Diesel (que ele jura ter comprado "baratinho" em uma feira de falsificados), ele conversou sobre o Uruguai, São Paulo e a torcida mais fanática que já conheceu: a do Fenerbahce.
Segundo Lugano, a equipe celeste está encontrando um novo jeito de jogar. A idéia é aliar a tradicional garra com o talento de uma geração de jovens promessas. Aos 28 anos, Diego é o líder do time.
Diego Lugano conversou com Terra Magazine antes de mais uma tarde de fisioterapia. Vestindo camiseta Dolce&Gabbana, calça Armani e tênis Diesel (que ele jura ter comprado "baratinho" em uma feira de falsificados), ele conversou sobre o Uruguai, São Paulo e a torcida mais fanática que já conheceu: a do Fenerbahce.
Terra Magazine - Lugano, você acha que vai conseguir jogar pelo Uruguai estas partidas contra a Venezuela e o Peru?
Diego Lugano - Sim. Estou aqui em São Paulo justamente para isso. Eu procurei o Departamento Médico do São Paulo e a fisioterapia para me recuperar rápido, e bem, desta lesão de ligamento no joelho. Pelo que o Luis Rosan (fisioterapeuta do São Paulo) falou para mim e para o médico da seleção uruguaia, devo ficar bom em 3 semanas. É o tempo de me apresentar depois dos amistosos que faremos contra Turquia e Noruega.
As duas próximas rodadas das eliminatórias não são boas para o Uruguai voltar a ficar entre os quatro primeiros colocados?
Sem dúvida, sem dúvida. São duas partidas no nosso estádio, duas partidas que temos totais condições de vencer. Bom, esta é nossa idéia. Hoje estamos numa situação incômoda na tabela de classificação, mas talvez os pontos do Uruguai não reflitam o que jogamos dentro de campo. Creio que fizemos para estar mais acima e estes seis pontos vão ser fundamentais, não só para que voltemos à zona do Mundial, mas também para que esta equipe jovem ganhe confiança, se aprume e comece a trabalhar e conseguir resultados da melhor maneira.
O futebol uruguaio está no meio de uma transição? Não lhe parece que há um conflito de estilos?
gente quer ser mais competitivo, mas com um futebol mais bem jogado. A gente tem na cabeça que o futebol uruguaio não é mais como antes, que ficava na retranca e saía para contra-ataques. Hoje, a seleção tenta trabalhar mais a bola. O problema é que não temos conseguido bons resultados. Mas era para termos vencido Chile e Brasil tranqüilamente. Jogamos bem contra eles, chegamos a ter o domínio das partidas. Mas não vencemos e isso atrapalha a classificação.
"Jogar ofensivamente, apresentar um bom futebol não significa deixar a garra de lado"
A famosa garra uruguaia não basta mais?
Temos de conciliar as duas coisas. Jogar ofensivamente, apresentar um bom futebol não significa deixar a garra de lado. O que acontece é que o uruguaio entra em campo com muita vontade de brigar pela bola. Mas é preciso cabeça quando a bola está em nosso poder. Temos que tratar bem ela, como se faz aqui no Brasil. Às vezes, muita vontade atrapalha. A bola vem e nós não temos a lucidez para jogar bem com ela.
Quem são as grandes promessas desta geração e que sabem tratar bem da bola?
O atacante Luiz Suarez (Ajax) é muito bom. O volante Cristian Rodriguez (Benfica) é outro ótimo jogador. O Gargano (volante do Napoli), também. Outros jovens são talentosos como o zagueiro Diego Godín (Villareal), o alteral Fucile (Porto), o armador Inácio González e o Max Pereira. É um time jovem, com no máximo 22 anos de idade. Nesta seleção, eu, o goleiro Carini e o Forlan somos os mais experientes e temos 27, 28 anos. É uma equipe que precisa de um, dois bons resultados para pegar ritmo e chegar ao Mundial.
Para se acertar aqui no São Paulo, você precisou entender como o futebol brasileiro funciona. Na Turquia, esta experiência está valendo?
Não muito. No Brasil, tive que aprender a não ir para o contato físico toda hora. Aqui, você acaba sendo driblado. Na Turquia, o futebol é de contato físico e é mais direto. Lá, a bola vai de zagueiro para atacante. Não é como no futebol brasileiro, onde os volantes e meias querem a bola, gostam de ginga, de pôr entra as canetas. Lá, o jogador fica pouco tempo com a bola. O jogo fica mais rápido.
Mas o Fenerbahce, por ter tantos brasileiros e até o técnico Zico, não joga diferente?
Exatamente. Nosso futebol é um pouco diferente. Até porque o Zico pede que a gente tente jogar um futebol bem jogado, sem ligação direta da defesa para o ataque. Fomos bem este ano, avançamos na Liga dos Campeões como nunca antes na história do clube. Mas perdemos o título da Liga Nacional (Campeonato Turco) para o Galatasaray. Faltando três rodadas, fomos derrotados por eles, que abriram três pontos de vantagem. Foi no dia em que machuquei o joelho. Tive uma torção sozinho.
Jogar no Fenerbahce era como você esperava?
Olha, superou minha expectativa. É uma instituição muito organizada e forte, com uma visão européia. A mentalidade do clube é de conseguir títulos continentais. O que fizemos este ano, parando só nas quartas de final da Liga dos Campeões, foi um passo nesse crescimento. O clube é rico porque sabe faturar com a torcida. Eles são fanáticos, seguem o time por onde ele for e os dirigentes sabem tirar proveito disso.
Você joga num time que tem uma das torcidas mais fanáticas e numerosas do mundo. Alguma semelhança com o torcedor do Brasil ou do Uruguai?
É diferente. A torcida do Fenerbahce é algo incrível. Jogamos em outros países da Europa, pela Liga dos Campeões, e parecia que éramos locais. Vi jogadores de grandes equipe da Europa jogaram no nosso estádios e, antes da partida começar, ficarem de boca aberta olhando para as arquibancadas. Eles cantam juntos, pulam juntos, é uma coisa indescritível.
"Na Turquia, jogador de de futebol é tratado como se fosse da nobreza"
Os turcos são assim tão fanáticos?
O povo turco é apaixonado por tudo. Não só futebol, mas também por política, religião, direitos sociais. É uma característica deles. É um povo de muita história, com mais de 2000 anos de existência, passando por guerras, sofrendo. Eles são mais nacionalistas e parecem saber mais a respeito do país. Nós, da América do Sul, somos países mais novos. Talvez por isso falte esta compreensão.
Como o jogador de futebol é tratado por lá?
Lá, jogador de futebol é tratado como se fosse da nobreza. Aqui mesmo no Brasil, o atleta pode ser bem sucedido, ter dinheiro, mas sempre é considerado lixo. Lá, nos tratam como se fossemos da realeza. Todo mundo quer conversar com você.
E você conversa com os torcedores?
Muito pouco porque não falo nada em turco. E não entendo turco. Nem quero.
Por quê?
Como todo mundo quer conversar com você, não saber falar turco encurta a resenha. Depois, a imprensa lá é maluca. Os caras são mais fanáticos do que os torcedores. Então é melhor dizer que não fala turco, agradecer e a conversa pára por aí.
Mas você gosta de morar em Istambul?
Gosto muito. É uma cidade linda, imponente, com muita cultura, muita vida, uma mistura de hábitos ocidentais e orientais. É uma cidade do mundo. A gente cresce muito como ser humano.
A família está bem lá?
Sabe que a Karina ficou lá com os meninos (Nicolas, de 7 anos, e Thiago, de um ano e meio) porque o mais velho está na escola. Na semana que vem eles devem vir para o Brasil. O Nicolas está numa escola americana. Ele fala espanhol e aprendeu português aqui em São Paulo. Agora, já sabe inglês, italiano e um pouco de turco. Vai ser um cidadão do mundo. E tem o aspecto da segurança: em Istambul, minha mulher pode sair com os meninos de noite para jantar sem medo da violência. A gente não podia fazer isso em São Paulo.
Do que você sente mais falta na Turquia?
Das amizades. De ter contato com os amigos que você encontra em qualquer lugar e sabe que pensa como você. Todo dia me informo sobre o Uruguai e o Brasil pela internet. Sei tudo o que está acontecendo, seja no futebol como na política e outros assuntos. É bom assim, porque vou ter o que falar quando encontro os amigos para uma conversa.
"Como não me tornar torcedor do São Paulo? Sou torcedor e sou fanático"
Você passou o final de semana em Canelones, no Uruguai, com a família. Teve churrasco?
Comemos um assado e bebemos vinho que minha família produz para consumo próprio. Encontrei meus pais e minhas duas irmãs. Conversamos bastante.
Você é o cidadão mais famoso de Canelones?
Acho que sim, mas tem outras pessoas famosas lá. Mas lá é diferente: o assédio é bem menor do que aqui no Brasil.
Você foi ao Morumbi assistir a partida entre São Paulo e Fluminense?
Eu fui. E vi também o jogo contra o Nacional. Não tem como não ir e torcer. Sou torcedor do São Paulo. A minha relação com a torcida é foda. Depois que saí, parece que a identificação com os são-paulinos aumentou ao invés de diminuir. Quando vim jogar contra o Brasil, o tratamento que recebi foi emocionante. Tinha gente torcendo pelo Uruguai por minha causa. Como não me tornar torcedor do São Paulo? Sou torcedor e sou fanático.
Falta um ano para terminar seu contrato com o Fenerbahce. Você vai renovar?
(Lugano pensa antes de responder) Não sei. Estou bem lá. Estou feliz e minha família também. Mas acho que, se o Fenerbahce continuar forte na Europa e a gente conseguir classificar o Uruguai para a Copa do Mundo, é possível atrair a atenção de equipes de outros países. Quem sabe?
Quais seus objetivos para a próxima temporada?
Primeiro: ser campeão nacional pelo Fenerbahce. É obrigação. Depois: melhorar nosso desempenho na Liga dos Campeões. E o principal: classificar o Uruguai para o Mundial da África do Sul.
O Uruguai se classifica?
Sem dúvida alguma.
Veja também:» Entrevista com Diego Lugano - parte I
Fonte: Terra Magazine
1 comentários:
El Dios realmente é um deus para os tricolores.
Torço pra esse time desde 8 (1992)e além de RC, Lugano foi único que tornou-se um ídolo digno de dinvindade, assim como MAradona é pro Boca.
Não esquecemos os outros ídolos que já passaram pelo Morumbi, mas Lugano é Lugano.
Até hj eu só compro a camisa 5, talvez seja a camisa mais importante do time, depois da 1 claro.
Lugano volte um dia.
"...por que aqui é seu lugar sempre iremos te apoiar"
"dalhe tricolor dalhe dalhe tricolor dalhe dalhe tricolor é tricolor oooo"
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