Enquanto a Seleção de Dunga é repleta de jogadores com trajetória descartável no Brasil, que só alcançaram sucesso na Europa, como os laterais Daniel Alves e Maicon, o Uruguai, adversário da próxima quarta-feira, possui, em seu capitão, um dos principais ídolos recentes da terceira maior torcida do país.
Diego Lugano tem currículo invejável pelo São Paulo. Conquistou o Campeonato Paulista, a Copa Libertadores e o Mundial de Clubes da Fifa, todos em 2005 e com grande destaque. Entre os envolvidos no jogo de quarta, ninguém tem laços tão fortes com os dois países como Lugano. O zagueiro joga atualmente no Fenerbahçe (TUR), comandado por Zico, eterno ídolo dos flamenguistas, e ao lado do zagueiro Edu Dracena, o lateral-esquerdo Roberto Carlos, o meia Alex, o atacante Deivid e dos naturalizados Marco Aurélio e Vederson. É quase outro brasileiro do principal time turco. Música, comida, televisão, tudo em sua casa tem ligação com o Brasil.
Por outro lado, o patriotismo, o amor por sua nação, são invejáveis. A bandeira uruguaia esteve sempre presente nas comemorações pelo Tricolor, inclusive no Japão, quando festejou o título mundial. No mau momento do futebol nacional, Lugano se auto-proclamava embaixador uruguaio.
Em entrevista exclusiva, antes do empate deste domingo por 2 a 2 com o Chile, o zagueiro revela ansiedade em voltar ao Morumbi, mesmo tendo agora os torcedores contra ele. Garante que se sentirá em casa e que o Uruguai, ao contrário de todas as outras seleções mundiais, vai encarar o pentacampeão do mundo de igual para igual.
Brasil e Uruguai se enfrentam no Morumbi. Você vai jogar em casa?
Quando chegar ao Brasil, vou me emocionar, e sentir uma emoção ainda mais forte ao pisar no Morumbi. É um grande clássico do futebol mundial e desempenho papel importante na minha seleção. O estádio estará lotado, mas vou me sentir em casa. Tenho boas lembranças de lá, sou são-paulino e o Morumbi é um lugar onde fico confortável.
Sabia que alguns são-paulinos devem ir à torcida do Uruguai por sua causa?
Meus amigos vêm me falando há algum tempo. É uma demonstração de carinho que fico até surpreso por receber. É mais do que mereço ou poderia imaginar. Isso me enche de orgulho e mostra que meus três anos no São Paulo não passaram despercebidos, que valorizam minha imagem como jogador e ser humano. Por isso meu amor pelo São Paulo aumenta cada dia mais.
Você deixou o Brasil, mas continua cercado de brasileiros na Turquia. Há uma relação eterna entre você e o país?
Não há dúvida. Eu e minha família fomos muito bem recebidos no Brasil. Hoje, convivo com uma glória nacional, que é o Zico, um cavalheiro de grande nível humano. Até hoje minha casa tem televisão brasileira, acompanho tudo pela internet. Notícias de esporte, política, sociais...
Que outros resquícios do Brasil ainda permanecem em sua vida?
Escutamos músicas brasileiras. Samba, sertanejo, curto um pouco de tudo. E, quando posso, também gosto de comer uma feijoada, farinha...
Com qual brasileiro do time você se dá melhor?
Com todos, mas sou bastante próximo do Deivid e do Edu Dracena, moramos no mesmo prédio. O Deivid também tem dois filhos pequenos, as famílias fazem companhia umas para as outras. Compartilhamos a amizade e isso nos ajudou a ter rápida adaptação na Turquia.
O Uruguai não perde do Brasil há oito anos. Isso engrandece sua seleção e mostra que o jogo de quarta não tem favorito?
O Brasil, nesse período, ganhou de todo mundo, menos do Uruguai. A história fala de grandes confrontos, finais. Qualquer seleção vai ao Brasil para não perder, o Uruguai é o único que vai firme diante do melhor do mundo. A história fala assim, os jogadores sabem que é assim. Temos história e prestígio para defender.
E sem o Forlán (machucado), quem pode ser o destaque no Morumbi?
O Forlán é diferenciado, mas o Uruguai tem jogadores de qualidade, que vão procurar dar o seu melhor. É preciso um grupo forte se quisermos chegar à Copa do Mundo.
E no Brasil? Dá para escolher um jogador que pode decidir?
Ah, se olhar o time do Brasil vai ver que não dá para escolher ninguém, são os melhores atacantes do mundo. Teremos que fazer um jogo perfeito se quisermos fazer frente ao Brasil.
Como será enfrentar amigos, como Mineiro e Josué, ao lado de quem você conquistou tanta coisa?
Já aconteceu na Copa América. É sempre bom enfrentar amigos num jogo deste nível, significa que as coisas têm ido bem para eles e para mim. Em campo são 90 minutos, cada um faz seu melhor, mas é bom rever gente que quero bem.
E por que, entre os amigos, nunca está o Rogério Ceni?
Olha, boa pergunta (risos). Não sei o motivo dele não estar na Seleção, nem se é objetivo dele. É um dos maiores goleiros da história do futebol, os fatos dizem isso. Não houve um goleiro que ganhasse jogo, campeonato, como ele. Além de um exemplo, faz gols, trabalha bola parada, comanda os zagueiros, é uma figura importante no futebol mundial. Mas cada técnico tem sua preferência.
Se o Robinho repetir aquele drible, “vai pra lá, que vou pra cá”, na sua frente, o que acontece?
É uma pergunta meio perversa (risos). Já enfrentei o Robinho muitas vezes, ele tem uma habilidade impressionante. É preciso ser jogar com firmeza para tentar dificultar.
O fato de você já tê-lo enfrentado muitas vezes pode ajudar na marcação?
A gente procura observar os adversários. Ele, Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Vágner Love, Luís Fabiano... Como fazem conosco. Acho que ajuda, sim, conhecer o adversário. Não nos garante porque, dentro de campo, o lance sai numa fração de segundo, mas ajuda.
O pênalti perdido contra o Brasil, na semifinal da Copa América, ainda tira seu sono?
É algo que sempre vou me lembrar como um momento ruim, mas é futebol e estamos propensos a errar. Acho que tenho outras coisas melhores para lembrar, não posso pensar de outra forma.
Como é ostentar a faixa de capitão da seleção?
É um reconhecimento enorme que a comissão técnica tem feito à minha história e, principalmente, à minha personalidade. Mas a responsabilidade também é muito maior. Quando os resultados não aparecerem, é preciso estar preparado para mais pressão e críticas.
Disputar a Copa do Mundo de 2010 é seu maior objetivo?
Totalmente. Se nos classificarmos, vamos fazer o povo muito feliz, por isso temos de encarar esse momento com muita responsabilidade. Temos de ser muito fortes e manter o espírito para continuar o caminho.
Esse grupo é capaz de ter mais sucesso que o das últimas Eliminatórias?
Estamos passando por um processo de renovação, uma equipe cercada de expectativa. É um grupo com muito potencial, mas precisa de resultados para que os jogadores ganhem forma, confiança. Senão a seleção fica com muita pressão.
Você vai jogar na Juventus (ITA) em 2008?
Falaram muito nesses últimos meses, isso é bom para mim, significa que venho mantendo o alto nível. Mas tenho contrato com o Fenerbahçe, minha família está muito bem na Turquia.
Quando imagina o Lugano aposentado, ele mora no Uruguai ou no Brasil?
Hoje, faz apenas um ano e meio que estamos longe de São Paulo, então o desejo de voltar é muito grande. Mas lá na frente não se sabe o que vai acontecer, ainda falta muito tempo.
Fonte: Lance
Diego Lugano tem currículo invejável pelo São Paulo. Conquistou o Campeonato Paulista, a Copa Libertadores e o Mundial de Clubes da Fifa, todos em 2005 e com grande destaque. Entre os envolvidos no jogo de quarta, ninguém tem laços tão fortes com os dois países como Lugano. O zagueiro joga atualmente no Fenerbahçe (TUR), comandado por Zico, eterno ídolo dos flamenguistas, e ao lado do zagueiro Edu Dracena, o lateral-esquerdo Roberto Carlos, o meia Alex, o atacante Deivid e dos naturalizados Marco Aurélio e Vederson. É quase outro brasileiro do principal time turco. Música, comida, televisão, tudo em sua casa tem ligação com o Brasil.
Por outro lado, o patriotismo, o amor por sua nação, são invejáveis. A bandeira uruguaia esteve sempre presente nas comemorações pelo Tricolor, inclusive no Japão, quando festejou o título mundial. No mau momento do futebol nacional, Lugano se auto-proclamava embaixador uruguaio.
Em entrevista exclusiva, antes do empate deste domingo por 2 a 2 com o Chile, o zagueiro revela ansiedade em voltar ao Morumbi, mesmo tendo agora os torcedores contra ele. Garante que se sentirá em casa e que o Uruguai, ao contrário de todas as outras seleções mundiais, vai encarar o pentacampeão do mundo de igual para igual.
Brasil e Uruguai se enfrentam no Morumbi. Você vai jogar em casa?
Quando chegar ao Brasil, vou me emocionar, e sentir uma emoção ainda mais forte ao pisar no Morumbi. É um grande clássico do futebol mundial e desempenho papel importante na minha seleção. O estádio estará lotado, mas vou me sentir em casa. Tenho boas lembranças de lá, sou são-paulino e o Morumbi é um lugar onde fico confortável.
Sabia que alguns são-paulinos devem ir à torcida do Uruguai por sua causa?
Meus amigos vêm me falando há algum tempo. É uma demonstração de carinho que fico até surpreso por receber. É mais do que mereço ou poderia imaginar. Isso me enche de orgulho e mostra que meus três anos no São Paulo não passaram despercebidos, que valorizam minha imagem como jogador e ser humano. Por isso meu amor pelo São Paulo aumenta cada dia mais.
Você deixou o Brasil, mas continua cercado de brasileiros na Turquia. Há uma relação eterna entre você e o país?
Não há dúvida. Eu e minha família fomos muito bem recebidos no Brasil. Hoje, convivo com uma glória nacional, que é o Zico, um cavalheiro de grande nível humano. Até hoje minha casa tem televisão brasileira, acompanho tudo pela internet. Notícias de esporte, política, sociais...
Que outros resquícios do Brasil ainda permanecem em sua vida?
Escutamos músicas brasileiras. Samba, sertanejo, curto um pouco de tudo. E, quando posso, também gosto de comer uma feijoada, farinha...
Com qual brasileiro do time você se dá melhor?
Com todos, mas sou bastante próximo do Deivid e do Edu Dracena, moramos no mesmo prédio. O Deivid também tem dois filhos pequenos, as famílias fazem companhia umas para as outras. Compartilhamos a amizade e isso nos ajudou a ter rápida adaptação na Turquia.
O Uruguai não perde do Brasil há oito anos. Isso engrandece sua seleção e mostra que o jogo de quarta não tem favorito?
O Brasil, nesse período, ganhou de todo mundo, menos do Uruguai. A história fala de grandes confrontos, finais. Qualquer seleção vai ao Brasil para não perder, o Uruguai é o único que vai firme diante do melhor do mundo. A história fala assim, os jogadores sabem que é assim. Temos história e prestígio para defender.
E sem o Forlán (machucado), quem pode ser o destaque no Morumbi?
O Forlán é diferenciado, mas o Uruguai tem jogadores de qualidade, que vão procurar dar o seu melhor. É preciso um grupo forte se quisermos chegar à Copa do Mundo.
E no Brasil? Dá para escolher um jogador que pode decidir?
Ah, se olhar o time do Brasil vai ver que não dá para escolher ninguém, são os melhores atacantes do mundo. Teremos que fazer um jogo perfeito se quisermos fazer frente ao Brasil.
Como será enfrentar amigos, como Mineiro e Josué, ao lado de quem você conquistou tanta coisa?
Já aconteceu na Copa América. É sempre bom enfrentar amigos num jogo deste nível, significa que as coisas têm ido bem para eles e para mim. Em campo são 90 minutos, cada um faz seu melhor, mas é bom rever gente que quero bem.
E por que, entre os amigos, nunca está o Rogério Ceni?
Olha, boa pergunta (risos). Não sei o motivo dele não estar na Seleção, nem se é objetivo dele. É um dos maiores goleiros da história do futebol, os fatos dizem isso. Não houve um goleiro que ganhasse jogo, campeonato, como ele. Além de um exemplo, faz gols, trabalha bola parada, comanda os zagueiros, é uma figura importante no futebol mundial. Mas cada técnico tem sua preferência.
Se o Robinho repetir aquele drible, “vai pra lá, que vou pra cá”, na sua frente, o que acontece?
É uma pergunta meio perversa (risos). Já enfrentei o Robinho muitas vezes, ele tem uma habilidade impressionante. É preciso ser jogar com firmeza para tentar dificultar.
O fato de você já tê-lo enfrentado muitas vezes pode ajudar na marcação?
A gente procura observar os adversários. Ele, Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Vágner Love, Luís Fabiano... Como fazem conosco. Acho que ajuda, sim, conhecer o adversário. Não nos garante porque, dentro de campo, o lance sai numa fração de segundo, mas ajuda.
O pênalti perdido contra o Brasil, na semifinal da Copa América, ainda tira seu sono?
É algo que sempre vou me lembrar como um momento ruim, mas é futebol e estamos propensos a errar. Acho que tenho outras coisas melhores para lembrar, não posso pensar de outra forma.
Como é ostentar a faixa de capitão da seleção?
É um reconhecimento enorme que a comissão técnica tem feito à minha história e, principalmente, à minha personalidade. Mas a responsabilidade também é muito maior. Quando os resultados não aparecerem, é preciso estar preparado para mais pressão e críticas.
Disputar a Copa do Mundo de 2010 é seu maior objetivo?
Totalmente. Se nos classificarmos, vamos fazer o povo muito feliz, por isso temos de encarar esse momento com muita responsabilidade. Temos de ser muito fortes e manter o espírito para continuar o caminho.
Esse grupo é capaz de ter mais sucesso que o das últimas Eliminatórias?
Estamos passando por um processo de renovação, uma equipe cercada de expectativa. É um grupo com muito potencial, mas precisa de resultados para que os jogadores ganhem forma, confiança. Senão a seleção fica com muita pressão.
Você vai jogar na Juventus (ITA) em 2008?
Falaram muito nesses últimos meses, isso é bom para mim, significa que venho mantendo o alto nível. Mas tenho contrato com o Fenerbahçe, minha família está muito bem na Turquia.
Quando imagina o Lugano aposentado, ele mora no Uruguai ou no Brasil?
Hoje, faz apenas um ano e meio que estamos longe de São Paulo, então o desejo de voltar é muito grande. Mas lá na frente não se sabe o que vai acontecer, ainda falta muito tempo.
Fonte: Lance
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