terça-feira, 9 de agosto de 2011

Irritado, Diego Lugano critica descaso da Federação Turca e diz ter propostas de times europeus

Reuters Latam
Diego Lugano comemora a conquista da Copa América no estádio Monumental de Nuñes (foto: Reuters Latam)
Por Luciano Borges
Diego Lugano está  bravo. Depois de passar duas semanas de férias em Cancún, México, o capitão da seleção uruguaia voltou à cidade natal, Canelones, nesta segunda-feira. Conversou com o Blog do Boleiro por telefone e não escondeu a irritação. “Lá na Turquia, eles se preocupam com o clube, com a torcida, com a televisão, com o governo, mas não falam nada nem estão pensando nos jogadores”.
O motivo da irritação: a indefinição da Federação de Futebol da Turquia sobre a punição que será imposta ao Fenerbahce, clube mais popular do país, envolvido no escândalo de suborno de adversários e partidas arranjadas. Até o momento, 37 pessoas foram presas preventivamente, incluindo o presidente do clube, Aziz Yildirim.
O início do Campeonato Turco foi adiado para setembro. A Federação deve anunciar o rebaixamento do Fenerbahce. Se isto ocorrer, o clube só poderá ter três atletas estrangeiros inscritos. Hoje, na primeira divisão, ele conta com 10 jogadores de outros países, como os brasileiros Alex e André Santos.
Com várias propostas de equipes da Europa, Lugano – zagueiro titular do Fenerbahce – perdeu a paciência. Ele tem pressa para definir seu futuro. No próximo sábado, ele terá que se apresentar para a pré-temporada na Alemanha.
Veja a seguir, a entrevista de Lugano ao Blog do Boleiro. Nela, o zagueiro falou sobre a seleção do Uruguai (”a melhor das Américas”) e da Fundação Celeste, fundada pelo atletas do selecionado que disputou o Mundial do ano passado e ficou em quarto lugar.
Blog do Boleiro – Você voltou das férias hoje. Está tranquilo com seu futuro?
Diego Lugano –
 Eu tive boas férias, aproveitei bastante com minha família. Mas está tudo muito tumultuado. Espero que a Federação faça um comunicado nesta semana. Lá na Turquia, eles se preocupam com o clube, com a torcida, com a televisão, com o governo, mas não falam nada nem estão pensando nos jogadores.
Quando você se apresenta?Fico mais estes dias em minha cidade no Uruguai. No sábado, me apresento para a pré-temporada na Alemanha. Vou sozinho. Minha família deve ir depois de duas semanas. Mas a situação é complicada. É preciso ter uma definição. Só se pensa em dinheiro, no que pode acontecer com os direitos da televisão e ninguém liga para os jogadores.
Você fica no Fenerbahce se o time for rebaixado?Difícil. Difícil. Na segunda divisão, os times só podem ter três estrangeiros. Somos dez no Fenerbahce. Difícil saber como o clube vai poder pagar nossos salários, como vai tratar nossos contratos. Provavelmente, vou ter que sair. Mas esta demora na definição atrapalha.
Você pretende ficar no futebol europeu?
Sim. Quero continuar pela Europa. Tem muitos clubes me ligando. Aí que está o problema. Este caso vem desde o começo de agosto e ninguém fala o que vai acontecer. E aí a Federação Turca vai falar no final do mês. Só aí, quando a janela de transferências da Europa estiver no fim, é que os estrangeiros vão ter que definir o futuro. É descaso.
E pensar que você deveria ainda estar comemorando a conquista da Copa América com a seleção do Uruguai.Então. Estou contente. Tive boas férias. Os caras podiam pensar um pouco mais nos jogadores do Fenerbahce.
O Uruguai é o melhor selecionado da América do Sul?Acho que sim. Nos últimos dois, três anos, o Uruguai vem mostrando que não é somente o melhor da América do Sul, mas das Américas e um dos melhores do mundo. Fizemos uma boa Copa do Mundo na África do Sul e ganhamos a Copa América.
Qual a principal qualidade da seleção uruguaia?O grupo é muito forte. Temos muito boas individualidades. O melhor jogador do mundo é uruguaio, Diego Forlán, e o melhor da Copa América foi o Luis Suárez. Mas o grupo é bom e está junto há tempo.
Aposta num grupo jovem, já em 2007, ajudou?Ah, sim. Eu disse para você, no começo das eliminatórias, que o grupo era bom. O Uruguai aprendeu com os erros dos últimos dez anos, quando trocou de treinadores muitas vezes.  A chegada do Oscar Tabárez trouxe estabilidade e o resultado apareceu em campo.
Você ainda cuida da Fundação Celeste, criada pelos jogadores da seleção para ajudar jovens e crianças no Uruguai?Continuo. Criamos a Fundação há um ano e já temos alguns projetos. Implantamos um programa que leva o futebol a escolas das zonas rurais do país. Ajudamos a construir um Centro de Esportes para menores infratores. Assim, eles têm menos tempo de ócio nas instituições. Construímos também um hospital público em Colônia. E também estamos tocando um projeto de futebol juvenil.
Como está a captação de recursos? Vocês têm atraído parceiros?Acabamos de ganhar a adesão da principal empresa estatal daqui, que cuida de petróleo. Estamos arrumando assim, de pouquinho. Primeiro a gente tem que mostrar que temos capacidade para tocar os projetos. Temos as pessoas que gerenciam a Fundação e os “grandes” (jogadores da seleção uruguaia) estão atuando: Loco Abreu, Scotti e outros.

Fonte: Blog do Boleiro/TERRA

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